Contadas de forma livre e espontânea... simplesmente significados, sem se prender a regras... na liberdade das palavras, a simplicidade de sentimentos...

terça-feira, 9 de março de 2010

Conceitos em vão...





No meio de uma floresta
por entre os verdes das folhas e dos gramados
as cores em abundância, saindo de flores e de frutos
decorando o ambiente e trazendo vida para as espécies...


Diversas espécies, vivem lá
compartilhando experiencias
com suas diferenças
procurando conviver, buscando conhecer
um ciclo de sobrevivência...


Vamos acompanhar a vida do Sr. Castor
forte construtor
com muita disposição e vigor
sempre busca ajudar
sem procurar reciprocidade


Eis que ajudou a construir vilarejos
para diversas raças de animais


O agradecimento sempre vinha
de diversas formas, cada um encontrava
um jeito de faze-lo


Ajudando a construir casa para os outros
sua vida foi construida a partir dessa reciprocidade


Usando de sua inteligencia e facilidade manual
os materiais descartados
se tornavam em objetos ou complementos
tudo se transformava e se tornava util
voltava a ser "atual"


O respeito foi adquirido através do tempo e suas atitudes
sempre havia quem suspeitasse de tamanha bondade
mas, tais boatos não saiam das bocas dos desconfiados
as palavras nunca se transformaram em realidade
suas atitudes diziam por si próprio


Um dia ele prestou serviço para um ancião
arrumou uma pequena porta
como sempre, não queria recompensa
mas, ele não deixaria que o serviço do Sr. Castor fosse em vão


Deu um armário
todo decorado, com ornamentos ondulados
mistura de linhas de folhas com a firmeza das fibras de uma árvore
belo e robusto, assim ele era
o ancião lhe disse:
"Chamo esse armário de 'Respeito'
guarde ele com carinho e dentro dele apenas coisas que você considerar importante
de um rio, encontrei ele em seu leito
não importa o que acontecer, nunca se desfaça dele"


Após escutar as palavras do ancião
ele agradeceu e colocou o armário em suas costas
levou até a sua casa
e deixou no porão
achava que era precioso demais para ficar deixando exposto
nunca foi apegado à coisas de valor e muito menos aparecer com tais objetos


Mesmo nos momentos de seca
onde todos passavam necessidade
deixou de ajudar as pessoas
e talvez, nesses momentos
foi quando encontrou pequenas recompensas
mas, de grande valia


Foram elas, que ele foi guardando
dentro do 'Respeito'
nem todos podiam dar algo em troca
e ele sempre retribuia com um sorriso no rosto


Sorriso que ele tirava
ao abrir o 'Respeito', ver o que havia ganhado
isso era importante e o alimentava


Um dia, saiu para ajudar a reconstruir uma casa
que havia sido derrubada pelo vento forte
quando retornou, viu sua casa do avesso
revirada e com muitas coisas faltando


Correu para ver se tinham feito algo com o 'Respeito'
ele estava lá, com a porta aberta
porem, todos os objetos estavam lá
para minimizar os problemas do Sr. Castor
foi de lá que, mais uma vez, tirou forças

Foi reconquistando as suas coisas, novamente
com a ajuda de outros
mesmo, nas dificuldades, soube que poderia contar
isso fortalecia sua mente


A vida não era facil para a maioria na floresta
poucos possuiam o conforto, apenas privilegiados
aumentou o número de saques, a grande necessidade em algumas areas
fez com que alguns escolhessem viver com as coisas de outros
do que as conquistas pelas proprias mãos


Em um desses saques, mais uma vez
foram até a casa do Sr. Castor, que estava presente
amarrado, viu seus objetos serem levados
dessa vez, abriram o 'Respeito' e jogaram os objetos no chão
bagunçaram tudo que tinha em sua casa
ao observar, por um momento, via que eram animais que um dia tinha ajudado


Depois de pegar tudo o que interessava a eles
libertaram ele e fugiram, com os objetos
a destruição, deixaram para trás
tudo que havia dentro do 'Respeito' estava no chão
objetos que um dia o fez sorrir, estavam em pedaços


As lágrimas escorriam pelo seu rosto
molhava seus pêlos
a mágoa por ter feito tanto e não poder contar com a piedade de outros
sua compreensão da situação, já não existia
tomado por sentimentos, passou horas diante os objetos


Quando olhou para o 'Respeito'
viu que tinha quebrado sua porta,
estragado as prateleiras,
arranhado o seu fundo,
tinha deixado de ter aquela aparência de quando o conheceu


Deixou com que a raiva tomasse conta de suas atitudes
achou que não haveria como reparar o 'Respeito', em tais condições
e resolveu joga-lo, junto com os objetos quebrados...


Uma forte chuva caiu sobre a floresta nesse dia
a correnteza que foi se formando
levou o 'Respeito' e tudo que ele havia abandonado
pelo rio abaixo, foram levados


Até encontrar um trecho estreito, uma passagem
na qual, ele barrou o fluxo de água
formando uma barragem


O que era um pequeno rio, foi se transformando
enchendo tudo, o nivel foi subindo
os vilarejos ficaram debaixo da água
tudo aquilo que foi construido pelo Sr. Castor
foi destruido, engolido e deixado no mar do esquecimento...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Velocidade do tempo...




A água de um rio correndo, por entre as pedras, que não tiram sua velocidade
através de obstaculos, ela atravessa, com ferocidade
ficamos a observar, tamanha quantidade que passa
tanta agua e quando olhamos no relógio... tão pouco tempo...

Engraçado, como pode tanta coisa passar em tão pouco tempo
e em muitos momentos de nossa vida
pouca coisa acontecer e muito tempo passar

Como passamos horas e horas em um shopping
e quando olhamos para nossas mãos
tão pouco foi adquirido
e tanto dinheiro gasto

Dinheiro, conquistado com tantas horas gastas
horas que demoraram para passar
enquanto trabalhava, a hora teimava em ficar naqueles mesmos ponteiros
durante o almoço, ela corria como se fosse velocista

Tempo que voa...
enquanto esperamos a condução, para ir ao trabalho
enquanto estamos indo a caminho

Tempo que para...
ao ver as pessoas andarem a passos lentos
ao ver o chefe esperando pela sua presença

Como uma simples conversa se transforma em muitos minutos
quando o prazo é curto, o tempo teima em acelerar
e quando esta pronto, simplesmente, escolhe parar

Na volta, quanto mais rapido desejamos
mais tarde chegamos

Quando assistimos uma partida de futebol
quando o jogo está chato, como aquele cronômetro para...
a velocidade aumenta, conforme a partida vai pegando interesse...

A novela, quando se diz, que vai ver apenas um pouco
é quando o tempo teima em correr
e junto com o teu interesse, ele vai e faz perder a noção do tempo

O telefone...
quando olhamos para ele e pensamos se vamos ligar ou não
o tempo passou e só aumentou a tensão
de tanto demorar
ele foi pra outra mão
e o tempo, quando estamos esperando, não é o mesmo
olha como ele demora para passar
quando a pessoa diz "só um minutinho"
o tempo de espera, parece que passou mais de uma hora
mas, quando olhamos para o relógio
nem cinco minutos, passou

momento tão esperado
o aparelho é agarrado
em segundos os botões são apertados
o tempo para quando a pessoa atende
e depois a conversa flui, como um rio
sem obstaculos, é assim que o tempo passa
e quando menos se espera, eis que muitos minutos
foram embora, sem pedir passagem

Quando combina de se encontrar
os minutos preciosos que gastou para chegar antes do horário
contra os minutos que não passam, à espera da pessoa
a espera que é tão longa
aparencia de ter durado mais, do que o tempo que passou com a pessoa

A mesa que nunca aparece, diante uma fila de espera
parece que o tempo resolve parar ao seu lado, para aguardar
o momento de desfrute, perante a mesa e seus pratos
corre tanto, que parece distante, de anseios
por um tempo mais longo, na qual lembranças, gostariamos de guardar

O preparar de um prato, o tempo que demora a passar
até o momento que iniciamos
aprontamos, preparamos, saboreamos...

Tempo ciumento,
quando deixamos de lado
parece estar acostumado
em acelerar e tornar os momentos, curtos

Tempo paciente,
que teima em testar a nossa paciência
quando mais esperamos dele, eis que tem
em fazer aguardar, na malícia

Estamos acostumados a dizer
que o tempo parece estar passando, cada vez, mais rápido

Será que é ele que esta acelerando
ou não somos nós que estamos esquecendo de nosso tempo?

Não estamos deixando de saborear poucos momentos com muitos minutos
para escolher muitos instantes em poucos segundos?

Estão apressando as pessoas para tudo...
será que o tempo faz a vida ser realmente curta?
ou a vida que levamos, nos faz ter menos momentos de prazer
momentos que se tornam poucos
em uma vida atribulada

Poucos momentos de prazer, em um longo período de vida
a vida é curta, porque se curte menos e mais rapido
sendo curta, o tempo é menor...

No anseio de viver, essa vida que dizem ser curta
não estamos transformando as coisas em efêmeras demais?
principalmente nossos sentimentos?

Não podemos mexer na velocidade do tempo
e sim nas nossas escolhas...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Familia, qual é a tua?!




Um nomade
diversas situações
um longo caminho
varios significados...


Pela estrada afora
botando as pernas para fora
a sola desgastando
dos poros
o suor surge e logo vai evaporando


Um pequeno fio de fumaça, ao longo do horizonte
perto, ele vai chegando
e a casa vai avistando

Pela janela, a moça vê o nomade
atraves da sala, suas passadas ecoam
e o barulho da maçaneta girando, é escutada pelo moço

Recebido como se fosse alguem familiar
com um sorriso singelo, a moça cumprimenta a sua pessoa
e pergunta sobre sua origem

"Sou apenas um nomade... à procura de conhecimentos
de experiencias novas..."

Ele pergunta sobre as outras pessoas da casa
e ela pede para olhar pela janela dos fundos
avista uma mulher, com um pano na cabeça, segurando uma bacia rasa
cheia de roupas, para estender através dos fios
e logo ao lado, sentado em uma cadeira de balanço
ele ve um homem, de barba para fazer
feição tranquila e serena, com um cachimbo a lhe trazer prazer...

"Essa é a sua família?"

Com um gesto e um largo sorriso, ela afirma
mais do que convencido de sua resposta, retribui com um sorriso também
agradece a água oferecida e ,pela porta, ele sai

Feliz por presenciar um sentimento de harmonia
dentro de uma residencia
entre as pessoas de sangue
um belo exemplo de família


Através da estrada ele segue...

E nuvens escuras, ao longo do horizonte
ele avista e se preocupa
apressando o passo, e retirando de seu bolso, a capa de chuva

Gotas d'agua caem em seu rosto
leve como a sensação que teve
quando esteve
na casa daquela família que passou...

Logo, a chuva aperta
o nomade, se apressa
e uma ponte ele avista
corre até ela e embaixo dela, abriga-se

Ao entrar, seis olhos assustados
olham fixamente para sua pessoa
acuados em um canto
Uma mulher e duas crianças, na qual, poderia supor
que sejam seus filhos...

Devagar, toma assento ao lado deles
com um olhar amigavel, oferece um pão
e ve uma das pequeninas mãos, esticar e pegar de relance
observa, como ele é repartido em quatro pedaços
e da mãe, um pedaço é oferecido ao nomade

Compartilhando esse momento
pergunta a ela, o que aconteceu com eles
vendo seus olhos marejar de lágrimas
ao lembrar de sofrimentos
ao lado de uma pessoa que esta no sangue das crianças
mas, em nenhum instante sente que ele fez parte daquela família

Logo, pergunta a ela

"Essa é a sua família?"

"Sim, eu e meus filhos, apenas quem tem esse carinho que temos um pelo outro faz parte dela..." ela responde

Durante a conversa, a chuva parou
e já era hora do nomade partir
um cobertor ele deixou e um sorriso sincero no coração de cada um...


De volta para a estrada
com o frescor da chuva, subindo pelo suor dos asfaltos
retoma a caminhada


E uma cidade, ao longo do horizonte
é avistada, ele vê predios e casas urbanas
sente o cheiro de fumaça
e o barulho dos passos
nas ruas, uma arruaça
digna de cidades...

Atravessando, através das calçadas, predios e casas
andando entre pessoas e postes
passando por um beco
onde vê quatro crianças, ao redor de uma pequena fogueira

Cruzando pelos sacos de lixo e as lixeiras de metal
chega até o grupo de meninos, que deixam a fogueira de lado
para presenciar aquele estranho homem
de sua mochila ele retira um enlatado...

Aproveitando a fogueira, com duas pedras, faz um apoio para o enlatado
enquanto aquece a lata
resolve conversar com cada um, conhecer a historia
a razão para estarem ali, dividindo aquele espaço...

Abandono, maltrato, falecimentos
Cada qual com seu significado
histórias tão diferentes, juntas
em um único lugar...

Estão convivendo durante um longo tempo
dividindo suas experiencias
juntando suas conquistas
querendo sobreviver
cada um por si... cada um por todos...

"Essa é sua família?" pergunta o nomade

"Claro, não é preciso ter pai ou mãe, ser irmão de sangue... para a gente ser uma família, é muito mais do que isso... é esse tipo de união que nos torna uma família..." assim, responderam

Feliz com a resposta, o nomade resolve que é hora de partir
deixa o abridor de lata e mais três latas, dá um sorriso
e parte para sua caminhada...

Através das ruas, ele caminha
andar, olhar, gesticular, andar...

Através dos bairros
Através dos olhares

Segue o seu rumo
adiante... casas enormes
mansões...
com garagens enormes, vastos jardins, cercadas de grades
ele vai passando, uma por uma
quando ia passando por uma, algo lhe chamou a atenção
era uma idosa, na varanda, com um gato no colo e um cachorro deitado em seus pés...

Com um sorriso em seu rosto, fez um leve cumprimento, uma saudação
e com um simples gesto, um mordomo apareceu no portão
perguntou sobre sua pessoa e a resposta, tão logo apareceu
sorridente, um afirmativo saiu de seu gesto
tão logo, o mordomo, abriu o portão e pediu para que ele entrasse

Chegou na varanda, onde a idosa estava
acariciando o gato e se aquecendo com o cachorro
pediu para ele se sentar, no banco, ao lado dela
e pediu para contar sobre as experiencias que teve, ao longo da viagem

Escutou atentamente cada historia
e logo após, pôs a contar as suas historias
como conquistou tudo nessa vida e o quanto valeu a pena
cada coisa que ela correu atrás e citou uma que não valeu

O dinheiro...
além de ter levado pessoas interesseiras e traiçoeiras
deixaram de se preocupar com o bem estar dela
e voltaram a atenção para toda sua fortuna

Eis o significado de anos na solidão
e o nomade intrigado perguntou

"E sua família?"

"Está aqui... em meu colo e em meus pés... são a minha família... os únicos que me deram carinho sem interesse e não me abandonou nas horas que precisei..." respondeu ela

Um sorriso singelo no rosto dos dois, pois o fim da conversa
o mordomo veio com uma cesta de mantimentos
era o que a idosa queria,
que ele continuasse a carregar tais experiencias para as pessoas

Já no portão, avistou um gesto de despedida
e retribuiu com o mesmo, olhou para o mordomo
tirou notas de seu bolso e deixou em sua mão...


Virou e voltou a seguir o seu rumo...
atravessou a cidade
e à estrada retornou

Parecia perceber que família era algo além
além de sangue
além de nomes
além de sobrenomes
além de passados


Foi quando parou...
para pensar, qual seria a família dele...