Contadas de forma livre e espontânea... simplesmente significados, sem se prender a regras... na liberdade das palavras, a simplicidade de sentimentos...

domingo, 30 de janeiro de 2011

Quando é inexplicável...


Aquilo que não encontramos palavras
para descrever ou mesmo
para explicar...

Quando existe a fixação
por algo que foge de nosso controle
é assim que começa a história dessa abelha...





Olhar para fora e ver um mar de flores
simplesmente, se esbaldar diante tantas
belas e formosas
de todas as cores e formas

Não há de que reclamar
simplesmente se acabar
pois a fartura é muita
e assim são consumidas, as rotinas

Vastidão, variedade...

O que uma abelha pode querer mais?
para uma, ao ver tantas companheiras
indo em todas, sem nunca ter o receio
para que pensar? se há escolhas para todos os gostos

Não para ela...

Apesar de concordar com muitas
sente que lhe falta algo
o que dizer, sendo que
não encontra palavras para expressar
aquilo que tanto a angustia

Estaria sendo ingrata
ao não querer se aproveitar da fartura
que lhe foi oferecida?
a recriminação é certa
de nada adiantam, pois, esse sentimento não silencia

O tempo passa e ao mesmo tempo é cruel com seus pensamentos
seria como se provasse as teorias das outras
de que é melhor se satisfazer com o que esta à sua frente
não seria errado, porém, será que se contentaria?

Mais um dia e a mesma rotina...

Uma brisa, é o que o dia traz
leve e gostosa, que refresca
poderia ser simplesmente ela, serve como um alento
para esse momento
assim é para ser, mas é nessa hora que deixaria

Um pedaço de papel e uma lista de flores
em seus pequenos membros, que seguram calmamente
seus olhos percorrem a lista e vai identificando
cada uma, uma por uma
Porém, uma chama atenção e evidencia

O que é que esperava por tanto tempo?

Uma sensação, de descoberta e de satisfações
assim ela é coberta
na mistura de explicações e transições de emoções
que, as vezes, não encontramos palavras
e traduzimos em simples gestos e, sendo assim, ela sorria

Aquela flor, que nunca encontrara nesse mar
tão rara e tão única
assim como a lista dizia...

Um dia no ano, seria possível vê-la
esse momento... suficiente, ele seria?

Tão pouco para explicar e muito para se sentir
não tardou para ler em qual época
a tão bela flor, desabrocharia...

Tão diferente, já tinha visto outras flores
mais belas ou tão quanto a que se encantou

O que dizer de encanto
aquele que enfeitiça e paraliza
sentimentos que param
e muitos chamam de magia...

Muitas tiravam conclusões
sobre o que estavam presenciando
que o interesse estava sobre o fato da exclusividade
outras diziam sobre o pólem
a procura de uma justificativa para tamanha loucura
o fim sobre isso, nunca chegaria...


Ela, não se importou com comentários
pois a presença disso, sempre existiu
assim como as dificuldades
o que dizer da distância?

Altos e baixo, a diversidade
calor e chuva, a temperatura

Muitas indicaram caminhos diferentes
os atalhos, as alternativas
e em poucos momentos, prestar atenção, ela havia...

O caminho mais longo
porém, o menos tortuoso
seria aquele que daria mais trabalho
a única coisa que ligaria
é que chegasse no dia

Sentimento que não há explicação
porém, vem dele as forças
nos momentos de maior necessidade

O que falar de algo
onde nunca a viu pessoalmente
porém, te imobiliza de tal forma
como nada havia deixado

Era assim, como havia ficado
de vôos cautelosos e passos firmes
foi chegando ao seu destino
no ponto mais alto de uma montanha

Uma sensação de frio, temperatura que nunca havia experimentado
não era agradável e aos poucos
minava sua coragem, rumo à um destino
onde acreditou em uma existência

Uma flor que nunca alguém havia visto
dentre todas que convivia, para elas... uma lenda
para uma... uma realidade única
para provar isso, teria que chegar onde ela vivia

Nos momentos árduos, onde existe as maiores dúvidas
dúvidas que nem sempre precisam de resposta
no momento que o foco passa a ser um
aquilo que era pergunta, se transforma em certeza
e da certeza, o seu caminho, encontraria...

Chegar e olhar em sua volta
a esperança de uma mágica
e um final feliz, como um conto de fadas

Realidade é outra,
eis que encontra a planta
sem a flor, apenas o botão
em que momento desabrocharia?
Ao seu lado, ela ficaria

Pois é assim, que aguardou
pacientemente pelo momento que estava esperando
conhecer aquela flor, que encantou seus olhos
sendo assim, sentia a neve que descia

Sensação inexplicável
as pétalas se abriam e a imagem
que um dia era de uma foto
se transformou em realidade
e entre elas, a neve caia...

Tão logo, a abelha fez um breve vôo
e pousou sobre ela
se aconchegou sobre as pétalas
sensação de estar sendo abraçada
logo, ela lembraria...

Assim, como dizia o livro
esse momento duraria pouco
e mesmo assim, foi eterno
sensação que sem ela, nunca sentiria...

Poucos minutos, foram o suficiente para serem eternos
sensação que foi o suficiente
para a promessa de que estaria
sempre ali, no momento que ela desabrocharia...

O tempo podia ser mensurado e explicado
em diversas situações, menos naquela
que com ela, vivia...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Horizonte





Aquele que representa o infinito
onde o além
pode dizer muitas coisas
onde o após
pode dizer muitas coisas
onde a luz
pode dizer muitas coisas
onde a escuridão
pode dizer muitas coisas


A mescla de sentimentos
se misturam com os significados


Significados que representam tantas coisas
coisas que são relativas
coisas que para um grupo, pode ser generalizado
porém... interpretações


O mesmo horizonte que estimula
pode ser...
o infinito que desanima


O que dizer sobre a inspiração
para uns, é a representação do romance
mas, pode ser...
o fim de um ciclo, o final de algo




Interpretações... representações...


O sol que aquece
no final da tarde
ele desce
e finalmente, adormece


A lua que aparece
a noite ela ilumina
e mesmo através das nuvens
seu brilho transparece


O mar que vai além do infinito
reflexo de luzes
não importa o que ele transporta
tudo nele parece ficar bonito


A estrada que leva e traz
essa construção do homem
trilhando o caminho para os perdidos
pode ser mais do que é capaz


Um traço que corta uma folha
a forma horizontal
que cria o horizonte, no espaço em branco
isso significa para aquele que olha


As cores que fazem dele, tão belo
a mistura das cores quentes e frias
não pode ser quebrado
assim como quebro um quadro com um martelo


O que diria, se achar ele feio
não há harmonia, parece mais uma alegoria
se importa o que eu acho
assim farei encontrar um meio


Sombras que muitos interpretam
podem pouco significar
quando sua realidade é revelada
porém, o momento é único diante a escuridão
as vezes, simplesmente respeitam


O que dizer sobre a interpretação da imagem
e transforma-la em um significado abstrato
como uma música
e partir do conjunto das duas
traduzir em mais sentimentos
sejam elas, juntas ou separadas


Elementos que conduzem a outros elementos
pode ser visível ou invisível
a importância esta em quem interpreta


Poderia mudar de assunto
e no fim, querer vincular com o horizonte
mesmo que as palavras não remetessem
mesmo que não haja a intenção
o que vale é o que foi dito no final?


Posso dizer muito sobre
ao mesmo tempo, dizer pouco
dependendo de quem for interpretar
muito ou pouco, pode significar


Ponto de vista
é o que dizem, assim ele se torna relativo
a amplitude das informações
e das possibilidades


Dentre tantas coisas que vejo
a única certeza que posso ter
é que vejo...


um horizonte.

terça-feira, 9 de março de 2010

Conceitos em vão...





No meio de uma floresta
por entre os verdes das folhas e dos gramados
as cores em abundância, saindo de flores e de frutos
decorando o ambiente e trazendo vida para as espécies...


Diversas espécies, vivem lá
compartilhando experiencias
com suas diferenças
procurando conviver, buscando conhecer
um ciclo de sobrevivência...


Vamos acompanhar a vida do Sr. Castor
forte construtor
com muita disposição e vigor
sempre busca ajudar
sem procurar reciprocidade


Eis que ajudou a construir vilarejos
para diversas raças de animais


O agradecimento sempre vinha
de diversas formas, cada um encontrava
um jeito de faze-lo


Ajudando a construir casa para os outros
sua vida foi construida a partir dessa reciprocidade


Usando de sua inteligencia e facilidade manual
os materiais descartados
se tornavam em objetos ou complementos
tudo se transformava e se tornava util
voltava a ser "atual"


O respeito foi adquirido através do tempo e suas atitudes
sempre havia quem suspeitasse de tamanha bondade
mas, tais boatos não saiam das bocas dos desconfiados
as palavras nunca se transformaram em realidade
suas atitudes diziam por si próprio


Um dia ele prestou serviço para um ancião
arrumou uma pequena porta
como sempre, não queria recompensa
mas, ele não deixaria que o serviço do Sr. Castor fosse em vão


Deu um armário
todo decorado, com ornamentos ondulados
mistura de linhas de folhas com a firmeza das fibras de uma árvore
belo e robusto, assim ele era
o ancião lhe disse:
"Chamo esse armário de 'Respeito'
guarde ele com carinho e dentro dele apenas coisas que você considerar importante
de um rio, encontrei ele em seu leito
não importa o que acontecer, nunca se desfaça dele"


Após escutar as palavras do ancião
ele agradeceu e colocou o armário em suas costas
levou até a sua casa
e deixou no porão
achava que era precioso demais para ficar deixando exposto
nunca foi apegado à coisas de valor e muito menos aparecer com tais objetos


Mesmo nos momentos de seca
onde todos passavam necessidade
deixou de ajudar as pessoas
e talvez, nesses momentos
foi quando encontrou pequenas recompensas
mas, de grande valia


Foram elas, que ele foi guardando
dentro do 'Respeito'
nem todos podiam dar algo em troca
e ele sempre retribuia com um sorriso no rosto


Sorriso que ele tirava
ao abrir o 'Respeito', ver o que havia ganhado
isso era importante e o alimentava


Um dia, saiu para ajudar a reconstruir uma casa
que havia sido derrubada pelo vento forte
quando retornou, viu sua casa do avesso
revirada e com muitas coisas faltando


Correu para ver se tinham feito algo com o 'Respeito'
ele estava lá, com a porta aberta
porem, todos os objetos estavam lá
para minimizar os problemas do Sr. Castor
foi de lá que, mais uma vez, tirou forças

Foi reconquistando as suas coisas, novamente
com a ajuda de outros
mesmo, nas dificuldades, soube que poderia contar
isso fortalecia sua mente


A vida não era facil para a maioria na floresta
poucos possuiam o conforto, apenas privilegiados
aumentou o número de saques, a grande necessidade em algumas areas
fez com que alguns escolhessem viver com as coisas de outros
do que as conquistas pelas proprias mãos


Em um desses saques, mais uma vez
foram até a casa do Sr. Castor, que estava presente
amarrado, viu seus objetos serem levados
dessa vez, abriram o 'Respeito' e jogaram os objetos no chão
bagunçaram tudo que tinha em sua casa
ao observar, por um momento, via que eram animais que um dia tinha ajudado


Depois de pegar tudo o que interessava a eles
libertaram ele e fugiram, com os objetos
a destruição, deixaram para trás
tudo que havia dentro do 'Respeito' estava no chão
objetos que um dia o fez sorrir, estavam em pedaços


As lágrimas escorriam pelo seu rosto
molhava seus pêlos
a mágoa por ter feito tanto e não poder contar com a piedade de outros
sua compreensão da situação, já não existia
tomado por sentimentos, passou horas diante os objetos


Quando olhou para o 'Respeito'
viu que tinha quebrado sua porta,
estragado as prateleiras,
arranhado o seu fundo,
tinha deixado de ter aquela aparência de quando o conheceu


Deixou com que a raiva tomasse conta de suas atitudes
achou que não haveria como reparar o 'Respeito', em tais condições
e resolveu joga-lo, junto com os objetos quebrados...


Uma forte chuva caiu sobre a floresta nesse dia
a correnteza que foi se formando
levou o 'Respeito' e tudo que ele havia abandonado
pelo rio abaixo, foram levados


Até encontrar um trecho estreito, uma passagem
na qual, ele barrou o fluxo de água
formando uma barragem


O que era um pequeno rio, foi se transformando
enchendo tudo, o nivel foi subindo
os vilarejos ficaram debaixo da água
tudo aquilo que foi construido pelo Sr. Castor
foi destruido, engolido e deixado no mar do esquecimento...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Velocidade do tempo...




A água de um rio correndo, por entre as pedras, que não tiram sua velocidade
através de obstaculos, ela atravessa, com ferocidade
ficamos a observar, tamanha quantidade que passa
tanta agua e quando olhamos no relógio... tão pouco tempo...

Engraçado, como pode tanta coisa passar em tão pouco tempo
e em muitos momentos de nossa vida
pouca coisa acontecer e muito tempo passar

Como passamos horas e horas em um shopping
e quando olhamos para nossas mãos
tão pouco foi adquirido
e tanto dinheiro gasto

Dinheiro, conquistado com tantas horas gastas
horas que demoraram para passar
enquanto trabalhava, a hora teimava em ficar naqueles mesmos ponteiros
durante o almoço, ela corria como se fosse velocista

Tempo que voa...
enquanto esperamos a condução, para ir ao trabalho
enquanto estamos indo a caminho

Tempo que para...
ao ver as pessoas andarem a passos lentos
ao ver o chefe esperando pela sua presença

Como uma simples conversa se transforma em muitos minutos
quando o prazo é curto, o tempo teima em acelerar
e quando esta pronto, simplesmente, escolhe parar

Na volta, quanto mais rapido desejamos
mais tarde chegamos

Quando assistimos uma partida de futebol
quando o jogo está chato, como aquele cronômetro para...
a velocidade aumenta, conforme a partida vai pegando interesse...

A novela, quando se diz, que vai ver apenas um pouco
é quando o tempo teima em correr
e junto com o teu interesse, ele vai e faz perder a noção do tempo

O telefone...
quando olhamos para ele e pensamos se vamos ligar ou não
o tempo passou e só aumentou a tensão
de tanto demorar
ele foi pra outra mão
e o tempo, quando estamos esperando, não é o mesmo
olha como ele demora para passar
quando a pessoa diz "só um minutinho"
o tempo de espera, parece que passou mais de uma hora
mas, quando olhamos para o relógio
nem cinco minutos, passou

momento tão esperado
o aparelho é agarrado
em segundos os botões são apertados
o tempo para quando a pessoa atende
e depois a conversa flui, como um rio
sem obstaculos, é assim que o tempo passa
e quando menos se espera, eis que muitos minutos
foram embora, sem pedir passagem

Quando combina de se encontrar
os minutos preciosos que gastou para chegar antes do horário
contra os minutos que não passam, à espera da pessoa
a espera que é tão longa
aparencia de ter durado mais, do que o tempo que passou com a pessoa

A mesa que nunca aparece, diante uma fila de espera
parece que o tempo resolve parar ao seu lado, para aguardar
o momento de desfrute, perante a mesa e seus pratos
corre tanto, que parece distante, de anseios
por um tempo mais longo, na qual lembranças, gostariamos de guardar

O preparar de um prato, o tempo que demora a passar
até o momento que iniciamos
aprontamos, preparamos, saboreamos...

Tempo ciumento,
quando deixamos de lado
parece estar acostumado
em acelerar e tornar os momentos, curtos

Tempo paciente,
que teima em testar a nossa paciência
quando mais esperamos dele, eis que tem
em fazer aguardar, na malícia

Estamos acostumados a dizer
que o tempo parece estar passando, cada vez, mais rápido

Será que é ele que esta acelerando
ou não somos nós que estamos esquecendo de nosso tempo?

Não estamos deixando de saborear poucos momentos com muitos minutos
para escolher muitos instantes em poucos segundos?

Estão apressando as pessoas para tudo...
será que o tempo faz a vida ser realmente curta?
ou a vida que levamos, nos faz ter menos momentos de prazer
momentos que se tornam poucos
em uma vida atribulada

Poucos momentos de prazer, em um longo período de vida
a vida é curta, porque se curte menos e mais rapido
sendo curta, o tempo é menor...

No anseio de viver, essa vida que dizem ser curta
não estamos transformando as coisas em efêmeras demais?
principalmente nossos sentimentos?

Não podemos mexer na velocidade do tempo
e sim nas nossas escolhas...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Familia, qual é a tua?!




Um nomade
diversas situações
um longo caminho
varios significados...


Pela estrada afora
botando as pernas para fora
a sola desgastando
dos poros
o suor surge e logo vai evaporando


Um pequeno fio de fumaça, ao longo do horizonte
perto, ele vai chegando
e a casa vai avistando

Pela janela, a moça vê o nomade
atraves da sala, suas passadas ecoam
e o barulho da maçaneta girando, é escutada pelo moço

Recebido como se fosse alguem familiar
com um sorriso singelo, a moça cumprimenta a sua pessoa
e pergunta sobre sua origem

"Sou apenas um nomade... à procura de conhecimentos
de experiencias novas..."

Ele pergunta sobre as outras pessoas da casa
e ela pede para olhar pela janela dos fundos
avista uma mulher, com um pano na cabeça, segurando uma bacia rasa
cheia de roupas, para estender através dos fios
e logo ao lado, sentado em uma cadeira de balanço
ele ve um homem, de barba para fazer
feição tranquila e serena, com um cachimbo a lhe trazer prazer...

"Essa é a sua família?"

Com um gesto e um largo sorriso, ela afirma
mais do que convencido de sua resposta, retribui com um sorriso também
agradece a água oferecida e ,pela porta, ele sai

Feliz por presenciar um sentimento de harmonia
dentro de uma residencia
entre as pessoas de sangue
um belo exemplo de família


Através da estrada ele segue...

E nuvens escuras, ao longo do horizonte
ele avista e se preocupa
apressando o passo, e retirando de seu bolso, a capa de chuva

Gotas d'agua caem em seu rosto
leve como a sensação que teve
quando esteve
na casa daquela família que passou...

Logo, a chuva aperta
o nomade, se apressa
e uma ponte ele avista
corre até ela e embaixo dela, abriga-se

Ao entrar, seis olhos assustados
olham fixamente para sua pessoa
acuados em um canto
Uma mulher e duas crianças, na qual, poderia supor
que sejam seus filhos...

Devagar, toma assento ao lado deles
com um olhar amigavel, oferece um pão
e ve uma das pequeninas mãos, esticar e pegar de relance
observa, como ele é repartido em quatro pedaços
e da mãe, um pedaço é oferecido ao nomade

Compartilhando esse momento
pergunta a ela, o que aconteceu com eles
vendo seus olhos marejar de lágrimas
ao lembrar de sofrimentos
ao lado de uma pessoa que esta no sangue das crianças
mas, em nenhum instante sente que ele fez parte daquela família

Logo, pergunta a ela

"Essa é a sua família?"

"Sim, eu e meus filhos, apenas quem tem esse carinho que temos um pelo outro faz parte dela..." ela responde

Durante a conversa, a chuva parou
e já era hora do nomade partir
um cobertor ele deixou e um sorriso sincero no coração de cada um...


De volta para a estrada
com o frescor da chuva, subindo pelo suor dos asfaltos
retoma a caminhada


E uma cidade, ao longo do horizonte
é avistada, ele vê predios e casas urbanas
sente o cheiro de fumaça
e o barulho dos passos
nas ruas, uma arruaça
digna de cidades...

Atravessando, através das calçadas, predios e casas
andando entre pessoas e postes
passando por um beco
onde vê quatro crianças, ao redor de uma pequena fogueira

Cruzando pelos sacos de lixo e as lixeiras de metal
chega até o grupo de meninos, que deixam a fogueira de lado
para presenciar aquele estranho homem
de sua mochila ele retira um enlatado...

Aproveitando a fogueira, com duas pedras, faz um apoio para o enlatado
enquanto aquece a lata
resolve conversar com cada um, conhecer a historia
a razão para estarem ali, dividindo aquele espaço...

Abandono, maltrato, falecimentos
Cada qual com seu significado
histórias tão diferentes, juntas
em um único lugar...

Estão convivendo durante um longo tempo
dividindo suas experiencias
juntando suas conquistas
querendo sobreviver
cada um por si... cada um por todos...

"Essa é sua família?" pergunta o nomade

"Claro, não é preciso ter pai ou mãe, ser irmão de sangue... para a gente ser uma família, é muito mais do que isso... é esse tipo de união que nos torna uma família..." assim, responderam

Feliz com a resposta, o nomade resolve que é hora de partir
deixa o abridor de lata e mais três latas, dá um sorriso
e parte para sua caminhada...

Através das ruas, ele caminha
andar, olhar, gesticular, andar...

Através dos bairros
Através dos olhares

Segue o seu rumo
adiante... casas enormes
mansões...
com garagens enormes, vastos jardins, cercadas de grades
ele vai passando, uma por uma
quando ia passando por uma, algo lhe chamou a atenção
era uma idosa, na varanda, com um gato no colo e um cachorro deitado em seus pés...

Com um sorriso em seu rosto, fez um leve cumprimento, uma saudação
e com um simples gesto, um mordomo apareceu no portão
perguntou sobre sua pessoa e a resposta, tão logo apareceu
sorridente, um afirmativo saiu de seu gesto
tão logo, o mordomo, abriu o portão e pediu para que ele entrasse

Chegou na varanda, onde a idosa estava
acariciando o gato e se aquecendo com o cachorro
pediu para ele se sentar, no banco, ao lado dela
e pediu para contar sobre as experiencias que teve, ao longo da viagem

Escutou atentamente cada historia
e logo após, pôs a contar as suas historias
como conquistou tudo nessa vida e o quanto valeu a pena
cada coisa que ela correu atrás e citou uma que não valeu

O dinheiro...
além de ter levado pessoas interesseiras e traiçoeiras
deixaram de se preocupar com o bem estar dela
e voltaram a atenção para toda sua fortuna

Eis o significado de anos na solidão
e o nomade intrigado perguntou

"E sua família?"

"Está aqui... em meu colo e em meus pés... são a minha família... os únicos que me deram carinho sem interesse e não me abandonou nas horas que precisei..." respondeu ela

Um sorriso singelo no rosto dos dois, pois o fim da conversa
o mordomo veio com uma cesta de mantimentos
era o que a idosa queria,
que ele continuasse a carregar tais experiencias para as pessoas

Já no portão, avistou um gesto de despedida
e retribuiu com o mesmo, olhou para o mordomo
tirou notas de seu bolso e deixou em sua mão...


Virou e voltou a seguir o seu rumo...
atravessou a cidade
e à estrada retornou

Parecia perceber que família era algo além
além de sangue
além de nomes
além de sobrenomes
além de passados


Foi quando parou...
para pensar, qual seria a família dele...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sentimentos verdadeiros...




Era uma vez...
um concurso, promovido por uma familia real
para encontrar um pretendente para sua filha
a mão dela, seria o prêmio para tal
os concorrentes teriam que levar a ela
a flor mais bela
ganhar a sua preferencia
através de sua beleza, conquistar os sentimentos dela

Eis o anúncio da família real



" Homens de todo reino
eis uma convocação,
para aqueles que desejam
casar com a minha filha,
lançarei o desafio
para aquele que trouxer
a flor mais bela
e conquistar, com seu merecido encanto,
os sentimentos dela.

Dentro de 7 dias
estarei esperando-os
em meu castelo, junto com minha filha
para fazer a escolha"


E assim, foi lançado o concurso
sem o aval da filha
que achava tudo aquilo
uma perda de tempo
pois não seria atraves de um objeto
que a conquistariam...


A princesa sempre ganhou muitos presentes
sempre teve muitos pretendentes
mas nenhum foi convincente...


Ela sempre dizia...
"De que adianta presentes
se nenhum diz
o que realmente sente?"

Sua mãe tentava convence-la...
"Por que não dá uma chance
para algum deles?"

Mas não adiantava...
"Chance?? se querem isso
não me venham com sentimentos
que somem de relance..."




O anúncio chegou ao ouvido dos homens do reino...

E sabiam da fama da princesa
para tal, correram atras
das mais raras flores



Logo...

os dias foram passando
e as buscas aumentando
esforços para alcançar as mais raras


do topo de seu castelo
o Rei observava o esforço de todos
e a filha suspirava,
por ver mais um bando de tolos
em busca de algo que não precisava...


E finalmente o dia chega...


O rei em seu trono
ao lado a sua filha
que parecia estar com sono
não dando a mínima para tal concurso
promovido por seu pai...

Logo... veio o primeiro candidato
tirou um recipiente e nele
uma flor, sobre uma almofada lilás
ela, tinha uma cor única, mistura de verde com lances
em degradê de roxo
ele disse que é uma flor rara dos alpes
uma das mais caras em todo continente

pobre candidato, com olhos reluzentes
só viu a mão da princesa
solicitando sua saida...

o segundo candidato
trouxe rosas, mas ele disse que não era
simples rosas e sim as mais caras de todos os reinos existentes
com coloração diferente
exigia um cuidado especial, pois era frágil

mas, sem maiores delongas
solicitou a sua saída...

o terceiro candidato
apareceu com orquídeas
essas eram raras, daquelas que só florescem
uma vez por ano e em apenas um dia
encontrou essa flor no pico
da mais alta montanha, onde diversos rios nascem

Em vão,
nada mudou a expressão da princesa
que, mais uma vez, pediu a entrada do próximo candidato...


depois de muitos candidatos,
todos com flores raríssimas
flores que dificilmente encontraria em lojas comuns
flores que representaram a busca pelo diferente

mas de repente...

No meio dos candidatos
algo chamou a atenção da princesa
e ela pediu para que o moço simples
viesse para frente

Timidamente...
ele andou até sua frente
e ajoelhou
estendeu seus braços
em suas mãos, um singelo vaso com um botão de flor
da mais comum no reino

A princesa olhou com curiosidade para a flor e indagou...
"Por que me trouxe essa flor?
Tantos trouxeram as mais raras, as mais caras
o que fez você escolher uma das flores mais comuns do reino?"

O moço, que mais parecia um camponês disse...
"Não acredito que a beleza esteja
só no fato de ser rara ou ser cara
mas nesta flor
há muito mais do que uma aparencia
desde o dia que eu vi o concurso
eu cuidei com todo carinho
para que ela crescesse
com todos os cuidados que eu poderia dar a ela
coloquei nela
mais do que minhas mãos
e sim os meus sentimentos por ti"

Fato é que,
diante tantas flores tão belas, tão raras
a flor do camponês não se destacava pela aparencia
no meio das outras, o que antes era comum
se tornou excentrica...

No fim...
não foi a mais rara
não foi a mais cara
não foi a mais dificil de pegar
a vencedora foi a mais comum
comum aos olhos de muitos
especial para os olhos de uma...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Tão especial...





A vida traz muitas coisas
e muitas delas
ficam marcadas
por muito tempo


Tempo que voa
que manda e desmanda
anda e comanda


Coisas boas
e ruins
momentos inesqueciveis...


Mas que...
as vezes, o tempo
prefere levar para longe...


E em outros...
momentos ruins, o sentimento
prefere manter por perto...


Nos mantém cegos...
Aquele momento fica pairando pelo ar
Como se tivesse apenas aquilo ao nosso redor
Nos tornando menor


De que adianta
um belo jardim, se ele não tem cor?


Ou será que ele não tem cor
porque não temos a visão para observar
como deveriamos ver?


O que estamos vendo
é o que realmente é
ou é que estamos querendo ver?


Há dores em nossas vidas
que conduzem nossos sentimentos
e faz com que
a gente observe apenas uma folha...



quando temos uma árvore em nossa frente.



E é quando enchergamos essa árvore
é quando podemos observar
os seus detalhes
os seus entalhes
as suas frutas
as suas flores


E quando menos esperamos
paira sobre ela
aquela que é a mais bela
com suas asas
da cor mais esbelta


Eis a borboleta


Com sua dança sobre as flores
contorna as folhas
e baila com um ar majestoso
formando desenhos com suas cores


Ó borboleta,
como nunca observei a sua presença
que sempre esteve ali


As vezes,
passava horas parada
a minha frente
balançava e dançava
porém, a minha atenção, não chamava...


Quando me dei conta
você voou para longe
e de suas cores
apenas a memória restou...


Percebi a sua importância
em meu jardim...
por mais, que ele fosse belo
por mais, que tivesse diversas cores
era a tua que faltava...


Passei a observar
todo o meu jardim
e dele, passei a cuidar
para que você pudesse voltar
e a mais bela flor
tornasse a pousar...


Nessa hora eu vi...
que deixei de cuidar de muitas plantas
de meu jardim
e algumas, se foram
outras consegui recuperar
eu vi
que não podia deixar de lado
aquelas que sempre me apoiaram
na chuva e no sol
em suas folhas me acolheram


Na longa espera,
ao meu lado estiveram
seja o que tiver que passar
de vocês, eu vou cuidar
e dela esperar...


Sonho após sonho
é a esperança que me alimenta
e são os consolos que me sustentam


Eis que você aparece
no nascer do sol...
depois de viajar por longas horas


Aqui está
o meu ombro, o descanso
no meu bolo, o carinho
no meu coração, o alento
de um sentimento distante
que um dia deixou de existir...


e hoje,
com você ao meu lado
ele passou a ser constante...